sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Para desintristecer, Morena

"É, nada como outro dia de chuva....", pensou ele. E lá estava ele, na varanda de seu humilde apartamento, sentado em uma cadeira, olhando para a chuva. Botou um de seus cds para ouvir, enquanto tomava seu café quente, acendeu seu cigarro, que em momentos que como esse se encaixa perfeitamente, ainda mais no estado de espírito que se encontrava, como praticamente tudo naquele momento.

Aquele clima todo era meio melancôlico, triste e alguns até diriam nostálgico, e era tudo que ele sentia. A música que tocava no fundo - Morena, dos Los Hermanos - quase imperceptível de tão baixo que estava, fez com que ele lembrasse dela. Parecia que a música havia sido feito pra ela. Começou a lembrar de quando se conheceram, dos seis meses que ficaram juntos, lembrou de como adorava o sorriso dela e o modo como fazia ela rir suas bobeira, palhaçadas e péssimas piadas.

Ele riu ao lembrar dessas coisas. De como sentia falta das três pentinhas que ela tinha no rosto, de como os olhos dela transmitiam uma paz única. Suspirou ao recordar como era bom apenas vê-la, conversar com ela, beijá-la, abraçá-la sem motivo algum, fazer palhaçadas com ela, de tentar fazer ela se sentir bem. Eram tantas as coisas que gostava e sentia falta que era dificil usar poucos minutos para lembrar de tudo. Como no dia que escreveu as inicias dos dois na mesa de madeira da praia. Ficou pensando em como estariam se ainda estivessem juntos, se ele não tivesse decidido mudar de cidade, "Provavelmente ela ainda ri do memso jeito", imaginou. Ele sentia como se estivesse vendo ela na sua frente, rindo, com os sonzinhos únicos que produzia.

Todos os seus pensamentos foram interrompidos por um “Te amo” e um beijo em seu pescoço. A música parecia que havia parado no meio do nada, o café ficado frio e seu cigarro acabado. Olhou fixamente para aquele linda mulher que o abraçava, para seus olhos e boca, ela estava linda naquela manhã, e respondeu ao seu carinho com “ Também te amo linda”. Não é que ele não a amava, amava sim, e muito. Era muito feliz, estava realmente apaixonado. Porém aquela morena sempre estaria ali no fundo de seus pensamentos para faze-lo sorrir em dias como esse.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pintura Fundamental

Lá estava ele, um simples garoto no meio de uma enorme multidão. Seus olhos atentos, emocionados, brilhavam como se estivesse caminhando por dentro de uma fábrica de doces. O jovem garoto nunca tinha ido para aquele lugar, tão grande, com tanta pessoas. De inicio ficou assustado, mas aquela sensação estranha iria mudar ao longo do tempo, iria se transformar em vários, e no final ele descobriria um só.

No começo não sabia muito bem o que fazer, estava perdido em meio a tanta confusão, várias coisas acontecendo ao mesmo tempo. Mas o sentimento de confusão daria lugar a tristeza alguns minutos depois. A multidão agora estava quieta, aflita, uns sentados outros não; seja roendo unha, apertando a calça ou mexendo no cabelo. A unica coisa em comum entre eles eram os olhos, que se moviam de um lado para outro. E sem perceber, o garoto estava fazendo a mesma coisa.

Alegria, euforia. Junto com toda aquela multidão, o jovem agora não estava mais perdido. Gritava, pulava, chorava, berrava o que estava intalado na sua garganta desde do inicio. Comentava com o pai o que tinha acontecido, puxava sua camisa, pedia para o pai olhar com bastante atenção. Agora so não estava feliz, como tinha se tornado um membro daquela multidão. E foi isso que deixou o pequeno guri sem palavras. Como pessoas que nunca tinham se visto, não se conheciam, não importava se você era homem ou mulher; jovem ou velho; rico ou pobre; medico, advogado, arquiteto, vendedor ou frentista, mas naquele momento todos se tornavam uma só voz, um só coração, um só sentimento, um só.

A aflição voltou a rondar o coração do jovem garoto, estava a flor da pele. Passava por cada pedaço de seu corpo. Mas a cada segundo o garoto sentia algo diferente, da aflição foi para desesperança, que foi substituido por sonho e de novo voltou aquele sentimento de tristeza, a multidão estava quieta, como se alguem muito importante estava morto. Mas como tudo aquilo era novo para ele, não sabia ele os gritos e berros voltariam. Ele tinha presenciado algo único, que ficaria marcado em sua memória até o último dia de sua vida. Contaria para seus filhos, netos, amigos, mulher. As pessoas unidas, abraçadas, para que ninguem caisse. Não importava que seu time havia perdido. Nesse dia memorável, ele havia dividido uma paixão com uma multidão, com pessoas que ele provavelmente nunca mais veria na sua vida. Ele havia descoberto sua primeira e grande paixão, O Futebol.